Pragas emergentes no café conilon: desafios crescentes no norte do Espírito Santo

Pragas emergentes no café conilon: desafios crescentes no norte do Espírito Santo

A cafeicultura no norte do Espírito Santo tem passado por transformações importantes nos últimos anos, especialmente com o surgimento de pragas emergentes nas lavouras de café conilon. Essas pragas, muitas vezes desconhecidas até pouco tempo, estão exigindo atenção redobrada dos produtores, técnicos e pesquisadores, pois podem comprometer seriamente a produtividade e a sustentabilidade da cultura. 

Mas o que são pragas emergentes? De forma simples, são organismos que passam a causar prejuízos significativos onde antes não ocorriam ou não tinham importância econômica. Isso pode ocorrer por vários motivos: espécies invasoras, resistência a pesticidas ou até alterações no meio ambiente e clima que podem favorecer a multiplicação de pragas já conhecidas. 

Entre os principais problemas recentes observados na região, destaca-se a broca-da-haste (Xylosandrus compactus), um pequeno besouro que perfura os ramos do cafeeiro para depositar seus ovos e as larvas consomem o interior dos ramos, secando os mesmos e diminuindo a produção do café. O ciclo dessa praga é rápido, com adultos surgindo em menos de um mês e com comportamento de movimentar-se ao entardecer. Além dos danos nos ramos, esse inseto está associado a fungos como Fusarium, Penicillium e Cladosporium, que se instalam nos tecidos internos da planta, agravando os sintomas de seca dos ramos e podendo levar à morte de partes da planta. 

Outra praga que tem se mostrado preocupante é a cochonilha branca de cauda (Ferrisia dasylirii e Pseudococcus jackbeardsleyi), que suga a seiva da planta e favorece o aparecimento da fumagina, reduzindo a fotossíntese. A identificação correta dessas espécies é fundamental para o manejo e controle. Essas cochonilhas de alimentam sugando a seiva de folhas, ramos e frutos. 

Além dessas, houve registros crescentes de bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) com resistência a inseticidas, e casos de mosca-das-frutas (Ceratitis capitata) atacando frutos de café, especialmente em áreas próximas a cultivos de frutíferas, o que evidencia a importância do manejo integrado entre culturas. 

O enfrentamento dessas pragas requer uma abordagem ampla. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) continua sendo a principal estratégia recomendada, combinando ações culturais (como a retirada de ramos atacados), controle biológico (com uso de predadores, parasitoides e fungos entomopatogênicos) e controle químico, aplicado de forma criteriosa, respeitando o momento certo e o nível de infestação. 

A emergência dessas pragas ressalta a importância do monitoramento constante, da diversificação do manejo e da capacitação dos profissionais do campo. É fundamental também que os cafeicultores estejam atentos ao uso de mudas sadias, práticas de adubação equilibrada e implantação correta do cultivo, que mantém as plantas mais saudáveis e reduzem a vulnerabilidade às infestações. 

A sustentabilidade da cafeicultura capixaba depende da nossa capacidade de adaptação frente a esses novos desafios. O protagonismo dos produtores, aliados ao suporte técnico e científico, será decisivo para garantir a produtividade e a qualidade do café conilon produzido na nossa região. 

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