Além das equações: a presença que transforma

Além das equações: a presença que transforma

A presença e o protagonismo feminino em uma das áreas historicamente mais masculinas do conhecimento convidam à reflexão. Criado pela Women’s Engineering Society (WES), o movimento internacional pela valorização da mulher na engenharia tem ganhado relevância mundial justamente porque ainda são necessárias ações, políticas e exemplos que consolidem o espaço das mulheres nesse campo. 

Falar sobre isso, para mim, não é apenas uma pauta institucional – é também pessoal. Sou engenheira civil de formação, e coordeno atualmente a Unidade de Engenharia da FAESA Centro Universitário. Além da atuação acadêmica, também trabalho com o desenvolvimento de lideranças e times, o que me permite enxergar, com mais profundidade, os impactos da presença feminina em ambientes técnicos e de decisão. Ao longo da minha trajetória, vivi muitos dos desafios comuns a mulheres que trilham esse caminho: a necessidade constante de se provar tecnicamente, o desequilíbrio entre oportunidades e o acúmulo de papéis dentro e fora da profissão. 

Ainda assim, o que me move são as transformações – evidentes e ocultas – que acontecem quando uma mulher ocupa um espaço de liderança. Em diferentes setores da engenharia, temos exemplos inspiradores: mulheres que coordenam grandes obras, que lideram laboratórios de inovação, que gerenciam equipes multidisciplinares com excelência técnica e sensibilidade na tomada de decisões. Elas trazem consigo uma escuta ativa, uma intuição apurada para antever cenários e uma notável capacidade de articulação – habilidades que não apenas contribuem para o sucesso de projetos, mas também promovem ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. 

Na educação, tenho buscado fazer da gestão acadêmica um espaço onde nossas alunas e professoras possam transcender. A transformação curricular, os projetos interinstitucionais, o estímulo ao empreendedorismo estudantil e a abertura de espaços de escuta são estratégias que colocam a diversidade e a equidade no centro da formação em engenharia. Quando uma estudante entra na sala de aula e encontra uma mulher ensinando cálculo, liderando um laboratório ou coordenando um curso, ela passa a se ver também como protagonista possível. 

Celebramos conquistas, sim – mas, acima de tudo, reafirmamos compromissos: com as meninas que sonham em ser engenheiras, com as profissionais que já trilham esse caminho, e com uma sociedade que só tem a ganhar quando abraça a pluralidade de talentos e perspectivas. Porque a engenharia que queremos construir é feita de coragem, visão e propósito. Mas é quando se soma a delicadeza da escuta, a intuição que antecipa caminhos, a sensibilidade que conecta e a força silenciosa da resiliência, que ela se torna completa. 

E é nesse equilíbrio entre razão e afeto, entre técnica e humanidade, que as mulheres têm deixado sua marca – não apenas ensinando, mas ressignificando o próprio sentido de construir. 

Assuntos relacionados:

Outras notícias

todas as notícias

Com a ação, a instituição garante que os resíduos eletrônicos em desuso sejam descartados de forma correta, segura e sustentável

Com a ação, a instituição garante que os resíduos eletrônicos em desuso sejam descartados de forma correta, segura e sustentável