Todo ano, no dia 15 de dezembro, celebramos o Dia do Arquiteto e Urbanista. E, mais do que uma data no calendário, este é um convite para pensar no papel social da nossa profissão. Em um momento em que o Brasil discute mobilidade, enchentes, moradia dignificada, mudanças climáticas e qualidade de vida, nunca foi tão urgente reconhecer que a arquitetura não é um luxo, é uma necessidade pública.
No Espírito Santo, somos 4.739 arquitetos e urbanistas ativos atuando diretamente na construção do território. Destes, cerca de 73% estão na Região Metropolitana, onde os desafios urbanos são mais intensos e onde a presença do arquiteto é determinante. Um dado importante, e inspirador, é que a arquitetura capixaba é majoritariamente feminina: 72,6% arquitetas.
Se fizermos uma estimativa simples, o Espírito Santo tem hoje um índice aproximado de um arquiteto para cada 870 habitantes. Isso revela um potencial enorme: temos profissionais suficientes para apoiar políticas públicas, qualificar espaços urbanos e melhorar a vida cotidiana de milhares de capixabas, dos pequenos municípios aos grandes centros.
É uma profissão em que a sensibilidade, o cuidado e o olhar social têm ganhado força, refletindo uma mudança geracional que transforma a forma de projetar. Essa história não se constrói sozinha. Nomes como Élio Vianna, Marcello Vivacqua, Maria do Carmo Schwab e Paulo Mendes da Rocha revelam a força e a diversidade do pensamento arquitetônico associado ao Espírito Santo, tanto por quem nasceu aqui quanto por quem escolheu nosso território para projetar.
Mas a pergunta permanece: estamos ocupando esses espaços? A resposta passa pela formação e pela presença da arquitetura na sociedade.
E é aqui que entra a celebração dos 15 anos do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAESA. Durante uma década e meia, o curso formou profissionais que hoje atuam em escritórios, órgãos públicos, empresas privadas e movimentos sociais. São arquitetos que projetam casas, escolas, praças, hospitais, ruas, bairros, e que, sobretudo, carregam consigo uma visão contemporânea de cidade: inclusiva, sustentável e centrada nas pessoas.
Vivemos um tempo em que as cidades precisam de soluções reais. Precisam de sombreamento, mobilidade acessível, moradia integrada, espaços verdes, drenagem eficiente, segurança humana e não apenas policial. Precisam de planejamento. E é exatamente aí que o arquiteto faz diferença.
Somos a profissão que enxerga o todo e o detalhe. O micro e o macro. O humano e o urbano. Somos quem traduz necessidades sociais em espaços possíveis. Quem projeta casas, mas também futuros.
No Dia do Arquiteto, vale lembrar: a arquitetura não pertence apenas aos arquitetos. Ela pertence a todos que caminham pelas cidades, que esperam ônibus ao sol, que buscam uma praça segura, que desejam um bairro vivo, que sonham com uma vida mais equilibrada entre concreto e natureza.
O arquiteto não celebra apenas sua profissão. Ele celebra seu compromisso com a sociedade. E que os próximos anos, especialmente para nós, capixabas, sejam de ocupação desses espaços, de planejamento responsável e de cidades que respeitem quem nelas vive.
Que a formação iniciada há 15 anos na FAESA continue formando profissionais que transformam realidades. Porque, no fim, ser arquiteto é isso: cuidar das pessoas por meio dos espaços. E nossas cidades estão precisando desse cuidado.