Um dos principais símbolos da cultura capixaba, a panela de barro e o ofício das paneleiras vão ganhar novo impulso com uma nova proposta de revitalização do Galpão das Paneleiras de Goiabeiras. O projeto de extensão do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAESA, “Raízes do Galpão: História, Cultura e Reabilitação Urbana”, desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Vitória, tem como objetivo elaborar um estudo preliminar para a requalificação do galpão e de sua área de entorno. Reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o espaço desempenha papel fundamental na preservação da tradição das panelas de barro, além de representar importante potencial turístico e econômico para o município.
A proposta visa oferecer soluções de baixo impacto ambiental para valorizar a região, criando rotas acessíveis e seguras que incentivem a mobilidade ativa — como caminhada e bicicleta — e integrem o espaço ao turismo náutico e de experiência, com rota de acesso marítimo e integração com polos gastronômicos próximos. A ideia é reforçar a sustentabilidade do local, sempre respeitando o modo de vida e o saber tradicional das paneleiras.
Para isso, a iniciativa vai reunir professores, estudantes, técnicos da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTIV) e da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec), paneleiras e a comunidade local em um processo colaborativo que inclui levantamento técnico e histórico, oficinas participativas, estudos arquitetônicos e urbanísticos e prototipagem tecnológica. O projeto será conduzido ao longo de seis meses, com entrega final prevista para março de 2026, quando o estudo será apresentado oficialmente à Prefeitura e à comunidade, acompanhado de maquete eletrônica e vídeo institucional para visualização das propostas.
Segundo o reitor da FAESA, professor Alexandre Nunes Theodoro, o projeto reflete o compromisso da instituição com o desenvolvimento sustentável e a valorização do patrimônio cultural capixaba. “A FAESA entende que a extensão universitária é um caminho poderoso para unir conhecimento técnico, desenvolvimento social e inovação. Este projeto representa uma oportunidade única de aplicar a arquitetura a serviço da cultura e da comunidade, deixando um legado concreto e simbólico para Vitória”, afirma.
A professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário e coordenadora do projeto, Viviane Pimentel, destaca o caráter humano e participativo da proposta. “Mais do que um estudo arquitetônico, o Raízes do Galpão é um convite à escuta e à cocriação. Pretendemos construir, junto às paneleiras e aos moradores, um novo olhar sobre o espaço, que valoriza suas origens e projeta o futuro com respeito, inclusão e pertencimento”, explica.
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, pondera a importância dessa iniciativa. “O Galpão das Paneleiras é um espaço de tradição, cultura e força feminina, onde atuam mulheres guerreiras que mantêm viva, há mais de quatro séculos, uma das manifestações culturais mais autênticas do Espírito Santo. Esse projeto é um reconhecimento à sabedoria ancestral delas e reafirma o compromisso da Prefeitura de Vitória com a cultura popular e tradicional, promovendo dignidade, respeito e reconhecimento a quem mantém viva a história da cidade”.
O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTIV), Marcus Gregório, ressalta que a iniciativa fortalece a integração entre cultura, turismo e desenvolvimento urbano. “As paneleiras representam a essência da nossa identidade capixaba. Revitalizar esse espaço com sensibilidade, planejamento e participação da comunidade é um passo importante para ampliar o potencial turístico da região e gerar novas oportunidades econômicas, sem abrir mão da tradição que torna o Galpão único”, afirma.